top of page

1° CONCURSO DE ESBOÇOS | 2025 

O esboço 

Tools for Ideas | Introduction to Architectural Design

Christian Ganshirt

(2021, 147-157p.)   

ISBN

978-3-0356-2174-7

Tradução

Alexandre Oliveira

Na sua origem, o esboço nada mais é do que um gesto que foi abstraído e fixado. No esboço, tanto as dimensões temporal quanto espacial do movimento do gesto precisam ser traduzidas para um plano bidimensional na forma de pontos, linhas e superfícies. Um lápis e um pedaço de papel tornam possível apresentar, “com gestos executados rapidamente”, imagens internas – a maioria das quais seria esquecida após alguns minutos, pelo próprio projetista ou por um segundo observador – assim, capturando-as e relembrando-as.


Esboços, sejam eles pictóricos ou verbais, estão extremamente próximos da ideia original, o que os torna particularmente valiosos para os projetistas. Mas não é só isso: transferir a imagem interna para fora, em uma “memória de trabalho expandida”, transforma a imagem em um objeto do qual se pode distanciar novamente a fim de considerá-lo “objetivamente”, examiná-lo, criticá-lo e, posteriormente, trabalhar nele novamente.


Qual é a diferença entre um esboço e um desenho? A palavra desenho abrange todas as imagens bidimensionais compostas, principalmente, por linhas, sejam elas esboços, desenhos preliminares ou executivos, perspectivas ou outras imagens gráficas (Koschatzky 1977, pp. 304 e segs.). É difícil definir o termo esboço com precisão; ele cobre um amplo espectro de possibilidades gráficas expressivas que vão desde uma nota rápida até um desenho artístico ambicioso. Assim, artistas chamam um esboço à mão-livre de desenho se o formato for um pouco maior, enquanto, geralmente, arquitetos distinguem entre um esboço à mão livre pequeno, impreciso e rápido e uma planta geometricamente precisa ou desenho de estudo, realizado com compasso, régua e esquadro (ou com computador e plotter), geralmente em formato grande.


Embora o ato de esboçar possa às vezes parecer despretensioso e casual, ele é frequentemente a ferramenta mais importante para muitos projetistas. Arquitetos como Norman Foster ou Álvaro Siza enchem centenas de cadernos ou blocos de esboços com “rabiscos e anotações pessoais” (Foster 1993, p. 5) ao longo de suas vidas, usando-os para desenvolver suas ideias, entregando depois a elaboração de desenhos precisos, modelos e cálculos a seus colegas ou a especialistas.


O esboço é o meio íntimo, em grande parte mantido longe dos olhos de um público crítico, no qual ideias de projeto – inicialmente deixadas simples e desprotegidas – são desenvolvidas e mostradas aos amigos próximos e colegas do projetista. Isso se aplica a todas as fases do processo de projeto. Esboços são produzidos durante discussões iniciais com o cliente, em visitas ao local da obra, como resposta a soluções de projeto que já foram mais precisamente elaborados ou em diálogo com engenheiros e construtores no canteiro de obras.

PERGAMINHO E PAPEL


Esboços podem ser desenhados ou riscados com um objeto afiado em qualquer superfície plana que esteja disponível. A velocidade e a facilidade desse gesto – o termo vem da palavra italiana schizzo e significa um relato ou descrição breve, literalmente, um toque rápido (Onions 1996, p. 1996) – requerem materiais que sejam ao mesmo tempo facilmente disponíveis e suficientemente duráveis. A falta de superfícies de desenho baratas e, ao mesmo tempo, não perecíveis pode ser uma razão pela qual nenhum esboço sobreviveu do período pré-Renascença.


Uma famosa exceção é o portfólio de desenhos de Villard de Honnecourt, do século XIII, na Bibliothèque Nationale francesa. Ele contém 325 esboços individuais desenhados a tinta em ambos os lados de 33 páginas de pergaminho fino, muitas vezes com breves explicações. Estes consistem principalmente de vistas e plantas baixas de edifícios existentes, desenhos de figuras e ornamentos, mas também esboços de projeto e desenhos técnicos (Hahnloser 1935, Binding 1993).


Esboços de projeto à mão livre sobreviveram em grande quantidade apenas a partir de períodos em que o papel se tornou um material barato e durável. Ainda resta estabelecer até que ponto as mudanças qualitativas no “pensamento de projeto” (design thinking) na Renascença foram impulsionadas pelo surgimento de novos materiais de desenho.


Se compararmos esboços de artistas como Leonardo da Vinci ou Michelangelo com desenhos à mão-livre da Idade Média, somos surpreendidos por uma nova liberdade intelectual e abertura, bem como pela precisão do desenho, que também é uma característica das miniaturas e ornamentações de livros medievais. As coisas estão sendo vistas de uma maneira completamente nova. Para nosso olhar, acostumado com perspectiva e fotografia, a maneira medieval de desenhar às vezes parece plana e formulaica, mas ainda nos surpreendemos hoje com a clareza vívida desse trabalho. Desenhar e esboçar estão agora a serviço de pesquisar a realidade, experimentar novas ideias, representar proporções, detalhes e conexões espaciais com precisão.


Michelangelo explica a importância fundamental do desenho e do esboço como ferramenta de projeto em uma conversa com o pintor e escritor português Francesco de Hollanda. Suas palavras nos dão uma ideia de quão entusiasmados os projetistas de sua época estavam com essas novas possibilidades:


“O desenho, que em outras palavras pode ser chamado de projeto, é a fonte e o epítome da pintura, escultura, arquitetura e de qualquer outro tipo de pintura. É a raiz de toda ciência. Qualquer um que domine essa grande arte deve reconhecer que tem um poder incomparável a seu serviço. Ele será capaz de criar formas maiores do que qualquer torre neste mundo” (de Hollanda, 1550, p. 59).


Elaborações rápidas de relações formais que se interrompem como fragmentos assim que o desenhista pensa em algo novo; variações exploratórias de ideias; mudanças rápidas de formas de apresentação e de dispositivos de desenho e uma falta de preocupação com o efeito estético de uma página distinguem os esboços de projeto dos esboços artísticos. Espectadores ingênuos frequentemente sentem que esboços como esses são ineptos e pouco profissionais, o que pode ter um efeito completamente libertador. Erich Mendelsohn relata que, quando jovem estudante, “folheou os cadernos de esboços de Michelangelo em Roma: pilastras, capitéis e esse tipo de coisa: todos rabiscos. Foi uma revelação para mim. [...] Se Michelangelo pode fazer isso, eu também posso” (após Posener 2004, p. 364).


Por serem amplamente indeterminados, os esboços podem ser completamente sem sentido para estranhos. Precisamente por serem tão fundamentalmente aleatórios, os projetistas individuais devem desenvolver muita disciplina e habilidades específicas ao usar essa ferramenta. Esboçar não se torna uma técnica cultural comunicável até que seja conscientemente usado como uma ferramenta de projeto, até que o alto grau de liberdade que ele proporciona seja tão contido por uma escolha pessoal de dispositivos expressivos que terceiros também possam discernir não apenas a caligrafia pessoal, mas também o tratamento reflexivo, a expressividade individual e, finalmente, o pensamento individual. Isso requer a capacidade de ler os próprios esboços e decodificar seus vários níveis de significado. Um paradoxo dessa ferramenta reside no fato de que, para ser útil como dispositivo expressivo, ela precisa de certa falta de inibição, mas também de prática e disciplina se quiser se tornar reconhecível como expressão pessoal.

IMPRECISÃO CRIATIVA


As qualidades mais importantes dessa ferramenta de projeto são que ela deve ser rápida, imprecisa, aberta e direta. Elas são interdependentes. Um pensamento fugaz pode ser registrado diretamente em um esboço, sem auxílios adicionais. Frequentemente, esboçar é o primeiro passo rumo à materialização de uma ideia. Isso pode acontecer rapidamente porque os recursos usados são simples, mas o resultado é menos preciso do que outros meios de representar coisas. 


Nas primeiras fases do processo de projeto, uma certa falta de precisão possibilita articular ideias experimentalmente sem precisar ter uma solução precisa em mente. Projetistas são frequentemente acusados de pensamento excessivamente generalizado e descuidado por causa dessa inclinação pela imprecisão. Mas isso é essencial para o processo de projeto. Günter Behnisch explica que “pensamentos que ainda não sabíamos que tínhamos podem emergir de esboços imprecisos” (Behnisch 1987, p. 40).


É a ambivalência do esboço que abre espaço para a imaginação. Behnisch fala sobre “esboços aparentemente desleixados, muito imprecisos, nos quais [...] de repente se viam coisas brilhando através de várias camadas de papel vegetal [...] coisas que não se havia desenhado, elas simplesmente surgiam [...]” (Behnisch 1996, p. 29). A capacidade de nossas faculdades perceptivas de criar uma imagem rica em informações a partir de poucas pistas é uma característica automática da criatividade subjetiva. Uma maneira de desencadeá-la é fazendo esboços que indiquem algo com poucas linhas. 


A natureza rápida do esboço torna possível mudar de forma muito ágil entre diferentes métodos de apresentação e combiná-los à vontade. Todas as outras ferramentas de projeto também oferecem modos de esboço, em outras palavras, a capacidade de usá-las rapidamente, de forma imprecisa, porém alusiva, e em uma forma simples e reduzida. A planta baixa, elevação e corte como uma exploração rápida de variantes, ao lado da elaboração obsessiva de um detalhe específico; vistas axonométricas desenhadas a partir de um modelo ou perspectivas que examinam como o próprio corpo do projetista se relaciona com um espaço particular. 


Isso pode ser usado para fornecer ilustrações rápidas em uma discussão e incluir textos e cálculos esboçados. Assim, o esboço se torna uma ferramenta de projeto especial, contendo todas as outras dentro de um metaplano. Essa ferramenta cria complexidade através da imprecisão, da sobreposição, ao criar conexões, variantes e sequências de esboços, através de sugestões e ao intensificar a atmosfera. Portanto, o esboço é um excelente dispositivo para desenvolver a imaginação. Sua agilidade significa que o sucesso pode ser alcançado rapidamente e ajuda a lidar com formas sem esforço, especialmente com o pensamento tridimensional.


Como toda ferramenta de projeto, um esboço pode ser tanto descritivo, ou seja, ilustrativo, descrevendo algo que já existe, quanto prescritivo, ou seja, criativo, usado para representar algo novo. A interação entre percepção e expressão corresponde aos dois modos complementares de pensamento de projeto.


Como o esboçar afeta nossas próprias percepções? Ele as guia e intensifica, especialmente ao lidar com formas e espaços existentes. O esboço descritivo e aquisitivo nos obriga a nos envolver mais profundamente do que simplesmente absorver uma impressão global de um objeto ou uma situação espacial, especialmente porque isso ocorre em grande parte por causa de imagens mentais pré-moldadas e menos por expressões sensoriais. Temos que olhar tão precisamente, detalhe por detalhe, que podemos reproduzi-los em desenho. Assim como prestamos mais atenção se tomamos notas durante uma palestra, esboçar aguça nossos olhos quando estamos observando uma situação espacial. 


Esboçar é, portanto, uma maneira particular de treinar nossas habilidades perceptivas. A simplicidade da ferramenta nos obriga a reduzir ao essencial. Em um segundo plano, ela chama nossa atenção para algo que não é ou não pode ser representado, para as coisas que ficam de fora e a maneira como a abstração destaca o que já está lá, para deliberar “falsificações” e distorções.


Tanto o esboço aquisitivo quanto o criativo significam traduzir uma ideia espacial ou uma impressão espacial em uma bidimensional, realizando assim consciente ou subconscientemente um processo de abstração que uma câmera lidaria automaticamente. Isso pode acontecer de várias maneiras. A dimensão do tempo pode se tornar o movimento de uma linha, ou ser apresentada como uma sobreposição ou como uma sequência de esboços individuais. A dimensão espacial também pode ser representada como formas individuais sobrepostas, como uma combinação de plantas baixas, vistas e cortes, como um desenho isométrico ou uma perspectiva.


O esboço criativo requer velocidade e agilidade, enquanto o esboço aquisitivo exige uma desaceleração e intensificação dos processos de percepção. Se for deliberadamente usado como meio de observação, ele abre intervalos de tempo nos quais a percepção se torna possível não apenas como reprodução do que é conhecido, mas como um processo criativo. Ao identificar estruturas até então desconhecidas, novas formas e conexões inesperadas, a recepção passiva se torna observação ativa e criativa. O que nos é mostrado quando desenhamos ou olhamos para nossos esboços?

PENSAMENTO VISUAL-ESPACIAL


O exemplo do esboço deixa claro o quão pouco o pensamento criativo de projeto precisa de linguagem ou conceitos quando formas devem ser desenvolvidas. Em um texto muito citado de 1947, Alvar Aalto descreve sua abordagem de projeto como uma mudança deliberada do pensamento lógico-verbal para o pensamento intuitivo-pictórico. Ele diz que primeiro aborda as numerosas e frequentemente contraditórias demandas de um projeto de projeto intensivamente para que, então, possa se distanciar e encontrar uma solução em outro modo de pensamento por meio de pintura ou esboço:


“Esqueço todo o labirinto de problemas por um tempo, assim que a sensação da tarefa e as inúmeras demandas que ela envolve afundam no meu subconsciente. Então passo para um método de trabalho que é muito semelhante à arte abstrata. Simplesmente desenho por instinto, não síntese arquitetônica, mas o que às vezes são composições bastante infantis, e dessa forma, em uma base abstrata, a ideia principal toma forma gradualmente, uma espécie de substância universal que me ajuda a trazer os inúmeros componentes contraditórios em harmonia” (Aalto 1947, de Schildt 1998, p. 108).


O psicólogo Edward de Bono identifica duas maneiras diferentes e complementares de pensar no cérebro humano em seu livro Lateral Thinking (1970), de maneira muito semelhante a Aalto. Partindo de uma análise dos processos de percepção dominantes, ele identifica uma maneira lógico-analítica de pensamento (“vertical”) que predomina na cultura ocidental, complementada pelo pensamento intuitivo-criativo (“lateral”). Este último é particularmente adequado para gerar ideias e resolver problemas. Bono descreve o esboçar por projetistas como uma técnica particularmente adequada e de suporte ao pensamento intuitivo e generativo (“lateral”) (De Bono 1970, pp. 100 e segs., pp. 246 e segs.).  


Descobertas sobre a função do cérebro (por exemplo, Sperry 1968, 1873, Eccles 1973, Damásio 1994) confirmam a abordagem de Bono. Os dois hemisférios cerebrais humanos são dominados por padrões de pensamento diferentes, mas complementares. O hemisfério esquerdo lida com linguagem e tempo, sendo dominado por processos de pensamento linear, sequencial, lógico-analítico e racional. O hemisfério direito lida com assuntos espaciais e visuais, sendo dominado por processos de pensamento não linear, simultâneo, intuitivo-sintético e emocional (Edwards 1999, pp. 56 e segs.). Em resumo, o hemisfério esquerdo pensa em uma lógica verbal, o hemisfério direito pensa em uma lógica visual, ou nos termos de Aicher: em uma lógica digital versus uma lógica analógica.


Vários métodos de ensino foram desenvolvidos com base nessas descobertas, visando usar efetivamente as diferentes estruturas de pensamento nos dois hemisférios. A professora de desenho Betty Edwards sugere usar certas formas de esboço para mudar do modo de pensamento linguístico-racional para o modo visual-emocional. Ela descreve exercícios como desenhar perfis faciais à mão livre em imagem espelhada ou desenhar retratos de cabeça para baixo. Ela diz que exercícios de esboço desse tipo suprimem a entrada do hemisfério esquerdo, que de outra forma seria dominante, para que o outro possa desenvolver mais plenamente suas habilidades espaciais-visuais (Edwards 1999, pp. 80 e segs.). Diferentes raciocínios levam Aalto, de Bono e Edwards a resultados semelhantes. Para todos eles, o esboçar é um meio favorito para mudar conscientemente do modo de pensamento verbal-lógico para o modo visual-espacial.


Numerosas publicações apareceram nos últimos anos apresentando esboços de projeto e de viagem de arquitetos conhecidos que nos permitem olhar por cima dos ombros dos autores enquanto desenham. Na maioria dos casos, apenas esboços esteticamente bem-sucedidos são publicados, apresentando uma imagem idealizada que tem uso limitado como exemplo para outros projetistas. Os inúmeros esboços despretensiosos, exploratórios, apenas meio convincentes, fracassados e rejeitados, que na verdade representam a maioria do trabalho diário em muitos casos, raramente são impressos (mostrados).

 

Isso também se aplica ao mito do “primeiro esboço”, que geralmente é precedido por numerosos “esboços preliminares”. Erich Mendelsohn, que dava especial valor aos seus “primeiros esboços”, experimentava diversas variantes antes de se comprometer, distinguindo entre “esboços preliminares” e o “primeiro esboço de projeto” (Mendelsohn 1930, p. 150). O famoso “Urskizze” (literalmente “esboço primal”) de Hans Scharoun da Filarmônica de Berlim foi desenhado após três semanas em conferência fechada; ele também não era de forma alguma um “primeiro esboço” (Wisniewski 1991, pp. 10 e segs.).


Esboços ajudam a direcionar a atenção de terceiros para aspectos particulares de um projeto. Não percebemos a arquitetura simplesmente como ela é, mas também como seus autores pretendem que ela seja. Mesmo que a diferença seja tão grande quanto a entre os esboços atmosféricos de Aldo Rossi e a lucidez de seus edifícios concluídos, os esboços são poderosos o suficiente para conferir um significado muito diferente e de longo alcance à simples realidade do que foi realmente realizado. Nesse caso, eles ilustram uma “Utopia” poética que não foi realizada, que assim se torna parte da dimensão cultural dessa arquitetura.


Experimentos na digitalização dessa ferramenta tiveram pouco sucesso. Os programas de desenho normais são precisos demais e, portanto, lentos demais e pobres em informações. Tablets gráficos de alta resolução com telas planas que respondem à pressão de uma caneta são uma forma digital de papel de esboço. Eles permitem uma entrada mais precisa e rápida do que com mouse e teclado. São ferramentas eficazes em combinação com programas de desenho e processamento de imagens, embora consideravelmente mais caros do que lápis e papel.


Certamente, a intervenção digital perde a simplicidade e a objetividade dos esboços à mão-livre no papel. Programas de esboço especializados que oferecem menus com uma seleção de “caligrafias pessoais” só podem simular o que um esboço à mão livre realmente alcança. Mas a rapidez do esboço pode ser alcançada digitalmente de várias outras maneiras, usando fotografias, fotomontagens e modelos de esboço como apresentações em 3D. Na prática cotidiana, o esboço, junto com a linguagem discutida na próxima seção, permanece uma maneira muito eficaz de articular e comunicar ideias rapidamente em conversas com clientes, colegas e construtores.

© 2035 by Sophia Moore. Powered and secured by Wix

bottom of page